Buracos de minhoca
Thorne acredita que possa existir no universo um outro tipo de
estrutura, em forma de túnel, que poderia ser usada como um portal para
viagens no tempo. Considera-se que os buracos de minhoca, também chamados de pontes de Einstein-Rosen,
tenham o maior potencial para viagens no tempo, se eles de fato
existirem.
Eles poderiam não só permitir viagens no tempo como também
viajar para muitos anos-luz da Terra em apenas uma fração da quantidade de tempo que seria necessária com os métodos convencionais de viagens espaciais.
Os buracos de minhoca são considerados possíveis com base na teoria da relatividade de Einstein, que diz que toda massa curva
o espaço-tempo.
Para entender esta curvatura, pense em duas pessoas
segurando e esticando bem um lençol. Se uma pessoa colocasse uma bola de
beisebol sobre o lençol, com o peso a bola rolaria para o meio do
lençol, fazendo com que ele se curvasse naquele ponto. Agora, se uma
bola de gude fosse colocada na beira do mesmo lençol ela viajaria na
direção da bola de beisebol por causa da curva.
Neste exemplo, o espaço é visualizado como um plano bidimensional,
em vez das quatro dimensões que na verdade constituem o espaço-tempo.
Imagine que este lençol esteja dobrado, deixando um espaço entre as
partes de cima e de baixo. Colocar a bola de beisebol no lado de cima
fará com que uma curvatura se forme.
Se uma massa igual fosse colocada
na parte de baixo do lençol, em um ponto correspondente ao ocupado pela
bola de beisebol na parte de cima, eventualmente a segunda massa
encontraria a bola de beisebol. É mais ou menos assim que os buracos de
minhoca podem ser formar.
No espaço, as massas que fazem pressão em diferentes partes do
universo poderiam eventualmente formar um túnel, isto é, um buraco de
minhoca. Poderíamos viajar da Terra para outra galáxia e voltar
relativamente rápido. Por exemplo, vamos imaginar um roteiro em que
quiséssemos viajar para Sírio (ou Sirius), uma estrela vista na
constelação do Cão Maior logo abaixo de Órion. Sírio está a cerca de 9 anos-luz
da Terra, o que equivale a aproximadamente 90 trilhões de quilômetros.
Obviamente, esta distância seria muito grande para que os viajantes
espaciais a percorressem e voltassem a tempo de nos contar o que eles
viram por lá. Até agora, o mais distante que as pessoas já viajaram no
espaço foi até a Lua, que está a cerca de 400 mil km da Terra. Se
pudéssemos encontrar um buraco de minhoca que nos conectasse no espaço
ao redor de Sírio, poderíamos poupar um tempo considerável, evitando os
trilhões de quilômetros que teríamos de percorrer com a viagem espacial
tradicional.
Como tudo isso se relaciona com a viagem no tempo? Conforme
discutimos anteriormente, a teoria da relatividade diz que, à medida que
a velocidade de um objeto se aproxima da velocidade da luz, o tempo
desacelera. Os cientistas descobriram que mesmo na velocidade de uma nave espacial,
os astronautas podem viajar alguns nanossegundos para o futuro. Para
entender isto, imagine duas pessoas, um indivíduo A e um indivíduo B.
O
indivíduo A fica na Terra, enquanto o indivíduo B decola num foguete
espacial. Na decolagem, seus relógios estão em perfeita sincronia.
Quanto mais próximo da velocidade da luz viajar o foguete do indivíduo
B, mais devagar passará o tempo para ele (em relação ao indivíduo A). Se
o indivíduo B viajar durante poucas horas a 50% da velocidade da luz e
retornar à Terra, ficará óbvio para ambos que o indivíduo A envelheceu
bem mais rápido do que o indivíduo B.
Esta diferença no envelhecimento
se dá porque o tempo passou muito mais rápido para o indivíduo A do que
para o indivíduo B, que estava viajando mais próximo da velocidade da
luz. Muitos anos podem ter se passado para o indivíduo A, enquanto o
indivíduo B experimentou um lapso de tempo de poucas horas. Aprenda mais
sobre este paradoxo dos gêmeos em Como funciona a relatividade especial.
Se os buracos de minhoca puderem ser descobertos, isto talvez
permita que viajemos tanto para o passado como para o futuro.
Funcionaria assim: digamos que a entrada do buraco de minhoca seja
portátil. Assim, o indivíduo B do exemplo anterior, que viajou no espaço
durante poucas horas a 50% da velocidade da luz, poderia levar uma
entrada de buraco de minhoca para o espaço, enquanto a extremidade
oposta permaneceria na Terra com o indivíduo A.
As duas pessoas
continuariam a se ver enquanto o indivíduo B viaja no espaço. Quando o
indivíduo B voltasse à Terra, poucas horas depois, para o indivíduo A
alguns anos poderiam ter se passado. Agora, quando o indivíduo A olha
através do buraco de minhoca que viaja no espaço, ele vai se perceber
numa idade mais nova, a idade que ele tinha quando o indivíduo B foi
lançado ao espaço. O bacana disso é que, ao entrar no buraco de minhoca,
o indivíduo mais velho A poderia entrar no passado, enquanto o
indivíduo mais jovem B poderia entrar no futuro.
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